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(Mt 26,1—27,66)

Depois que terminou todos esses ensinamentos, Jesus disse aos discípulos: “Sabeis que dentro de dois dias se celebra a Páscoa, e o Filho do Homem vai ser entregue para ser crucificado”. De fato, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo haviam-se reunido no palácio do sumo sacerdote Caifás. Ali armaram um complô para, à traição, prenderem Jesus e o matarem. Observaram, porém: “Não na festa, para que não haja tumulto entre o povo”.
Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso. Uma mulher aproximou-se dele, com um frasco de alabastro cheio de perfume caríssimo, e derramou-o na cabeça de Jesus, que estava à mesa. Vendo isso, os discípulos se irritaram, dizendo: “Para que esse desperdício? Este perfume podia ser vendido por um bom preço, e o dinheiro, dado aos pobres”. Jesus o percebeu e disse-lhes: “Por que incomodais esta mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo. Os pobres sempre tendes convosco, mas a mim não tereis sempre. Ela derramou este perfume no meu corpo em vista do meu sepultamento. Em verdade vos digo: onde for proclamado este Evangelho, no mundo inteiro, será mencionado também, em sua memória, o que ela fez”.
Um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: “Que me dareis se eu vos entregar Jesus?” Combinaram trinta moedas de prata. E daí em diante, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo.
No primeiro dia dos Pães sem Fermento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?” Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a ceia pascal em tua casa, junto com meus discípulos’”. Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a ceia pascal.
Ao anoitecer, Jesus se pôs à mesa com os Doze. Enquanto comiam, ele disse: “Em verdade vos digo, um de vós me vai entregar”. Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a perguntar-lhe: “Acaso sou eu, Senhor?” Ele respondeu: “Aquele que se serviu comigo do prato é que vai me entregar. O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!” Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”.
Enquanto estavam comendo, Jesus tomou o pão e pronunciou a bênção, partiu-o, deu-o aos discípulos e disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo”. Em seguida, pegou um cálice, deu graças e passou-o a eles, dizendo: “Bebei dele todos, pois este é o meu sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados. Eu vos digo: de hoje em diante não beberei deste fruto da videira, até o dia em que, convosco, beberei o vinho novo no Reino do meu Pai”.
Depois de cantarem o salmo, saíram para o Monte das Oliveiras.
Então Jesus disse aos discípulos: “Esta noite, todos vós vos escandalizareis a meu respeito. Pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão”. Mas, depois de ressuscitar, eu irei à vossa frente para a Galiléia”. Pedro lhe disse: “Mesmo que todos se escandalizem, eu jamais”. Jesus lhe declarou: “Em verdade eu te digo: esta noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás”. Pedro respondeu: “Ainda que eu tenha de morrer contigo, não te negarei”. E todos os discípulos disseram a mesma coisa.
Jesus chegou com eles a uma propriedade chamada Getsêmani e disse aos discípulos: “Sentai- vos, enquanto eu vou orar ali!” Levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu e começou a ficar triste e angustiado. Então lhes disse: “Sinto uma tristeza mortal! Ficai aqui e vigiai comigo!” Ele foi um pouco mais adiante, caiu com o rosto por terra e orou: “Meu pai, se possível, que este cálice passe de mim. Contudo, não seja feito como eu quero, mas como tu queres.” Quando voltou para junto dos discípulos, encontrou-os dormindo. Disse então a Pedro: “Não fostes capazes de ficar vigiando uma só hora comigo? Vigiai e orai, para não cairdes em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Jesus afastou-se pela segunda vez e orou: “Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade!” Voltou novamente e encontrou os discípulos dormindo, pois seus olhos estavam pesados. Deixando-os, afastou-se e orou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Então voltou para junto dos discípulos e disse: “Ainda dormis e descansais? Chegou a hora! O Filho do Homem está sendo entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Aquele que vai me entregar está chegando”.
Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, com uma grande multidão armada de espadas e paus; vinham da parte dos sumos sacerdotes e dos anciãos do povo. O traidor tinha combinado com eles um sinal: “Aquele que eu beijar, é ele: prendei-o!” Judas logo se aproximou de Jesus, dizendo: “Salve, Rabi!” E beijou-o. Jesus lhe disse: “Amigo, para que vieste?” Então os outros avançaram, lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam.
Nisso, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus, porém, lhe disse: “Guarda a espada na bainha! Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão. Ou pensas que eu não poderia recorrer ao meu Pai, que me mandaria logo mais de doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam então as Escrituras, que dizem que isso deve acontecer?”
Naquela hora, Jesus disse à multidão: “Viestes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um bandido. Todos os dias, no templo, eu me sentava para ensinar, e não me prendestes. Tudo isso, porém, aconteceu para se cumprir o que está escrito nos profetas. Então todos os discípulos o abandonaram, e fugiram.
Os que prenderam Jesus levaram-no à casa do sumo sacerdote Caifás, onde estavam reunidos os escribas e os anciãos. Pedro seguia Jesus de longe, até o pátio do sumo sacerdote. Entrou e sentou-se com os guardas para ver como terminaria tudo aquilo.
Ora, os sumos sacerdotes e o sinédrio inteiro procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de condená-lo à morte. E nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. Por fim, vieram duas testemunhas, que afirmavam: “Este homem declarou: ‘Posso destruir o Santuário de Deus e construí-lo de novo em três dias’”. Então o sumo sacerdote levantou-se e perguntou a Jesus: “Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?” Jesus, porém, continuava calado. E o sumo sacerdote disse-lhe: “Eu te conjuro, pelo Deus vivo, dize-nos se tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Jesus respondeu: “Tu o disseste. Além disso, eu vos digo que de agora em diante vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso, vindo nas nuvens do céu”.
Então o sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse: “Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Pois agora ouvistes a blasfêmia.
Que vos parece?” Responderam: “É réu de morte!” Então cuspiram no rosto de Jesus e bateram nele. Outros o golpearam, dizendo: “Profetiza para nós, Cristo! Quem é que te bateu?”
Pedro estava sentado fora, no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse: “Tu também estavas com Jesus, o galileu!” Mas ele negou diante de todos: “Não sei de que estás falando”. 7E saiu para a entrada do pátio. Então, uma outra criada viu Pedro e disse aos que estavam ali: “Este também estava com Jesus, o nazareno”. Pedro negou outra vez, jurando: “Nem conheço esse homem!” Pouco depois, os que estavam ali aproximaram-se de Pedro e disseram: “É claro que tu também és um deles, pois o teu modo de falar te denuncia”. Pedro começou a praguejar e a jurar: “Não conheço esse homem!” E nesse instante, um galo cantou. Pedro se lembrou do que Jesus lhe tinha dito: “Antes que o galo cante, três vezes me negarás”. E saindo dali, chorou amargamente.